segunda-feira, novembro 09, 2009

XVII ENCONTROS FILOSÓFICOS

O Projecto Educativo da Escola Secundária Manuel de Arriaga tem como missão, para o próximo triénio, “assegurar um ensino de qualidade, desenvolvendo uma atitude crítica, consciente e participativa.” (Projecto Educativo de Escola, 2007).

“A missão deve servir de base ao estabelecimento dos objectivos estratégicos que permitam circunscrever as prioridades do programa de acção, tornando-o mais realista. Assim, a prioridade máxima é atribuída à área que mais directamente afecta o sucesso dos alunos, Ensino e Aprendizagem, e os objectivos definidos dizem respeito ao planeamento, implementação e avaliação do processo educativo, com especial atenção para o desenvolvimento das competências básicas.

Para que a missão possa ser levada a cabo e para que os objectivos sejam cumpridos é necessário que haja uma visão conjunta do que queremos da nossa comunidade escolar. Assim, queremos uma escola…

· De qualidade, que produza aprendizagens significativas que permitam a continuação de estudos ou o ingresso na vida activa;

· que desenvolva as capacidades de aprender a aprender e de aprender a ser;

· aberta às dinâmicas de mudança, que incentive e dinamize mecanismos que visem a inovação de práticas pedagógicas e uma maior motivação para o sucesso educativo dos alunos;

· em que o profissionalismo, a autonomia, a responsabilidade, a tolerância, a solidariedade, o voluntariado, a cidadania pró-activa, a auto-estima e a sensibilidade ambiental sejam valores que contribuam significativamente para a formação ética e social dos alunos;

· inclusiva, que respeite as diferenças e a multiculturalidade.” (Projecto Educativo de Escola, 2007)

Os Encontros Filosóficos, sendo um projecto que visa promover dinâmicas de trabalho de reflexão e debate sobre diversos temas da actualidade, com significado para a Escola e para a Comunidade, mas também proporcionar aprofundamento de informação relativamente a esses temas, este ano, adoptaram como temática “Inovação em Educação” no sentido que contribuir de forma mais clara e efectiva para a missão do Projecto Educativo de Escola que se encontra no último ano de execução. Para além de este, ser um ano de balanço em termos de implementação do Projecto Educativo, é também um ano em que se pensará e conceberá o próximo Projecto Educativo de Escola sendo de extrema importância, nesta fase, a reflexão, ao nível da Escola e toda a Comunidade, sobre a consecução dos objectivos estratégicos definidos no último triénio e a missão para o próximo. Por outro lado, o Sistema Educativo Regional encontra-se numa fase de regionalização do currículo e de Dinâmicas de elaboração de novos/inovadores recursos pedagógicos, sendo esta mais uma razão para a problematização da temática escolhida.

Assim, e numa perspectiva de enriquecer o debate e estimular práticas “inovadoras”, propomos para este ano, uma abordagem centrada na apresentação discutida de “Boas” e “Inovadoras” práticas em Educação. Pretendemos trazer para a participação neste projecto, pessoas e/ou instituições que partilhem e estimulem atitudes mobilizadoras da “Inovação em Educação”.

A nossa sociedade exige, cada vez mais, respostas inovadoras aos diferentes e complexos problemas que, de uma forma imprevisível, se colocam a cada instante. Particularmente nos nossos dias em que a Humanidade tem de se confrontar com problemas tão diferentes e complexos. A inovação é, pois, uma das exigências prioritárias do presente se atendermos à necessária participação do Homem na construção das sociedades contemporâneas. A sua pertinência e necessidade são, hoje, largamente aceites.

No entanto, o termo inovação nem sempre é utilizado na sua acepção mais correcta. Ele é frequentemente utilizado como sinónimo de mudança, ou de renovação ou de reforma, sem contudo se tratarem de realidades idênticas (Cardoso, 1992).

Segundo Cardoso (1992), inovação não é uma mudança qualquer. Ela tem um carácter intencional, afastando do seu campo as mudanças produzidas pela evolução "natural" do sistema. A inovação é, pois, uma mudança deliberada e conscientemente assumida, visando uma melhoria da acção educativa. A inovação pedagógica traz algo de "novo", ou seja, algo ainda não estreado; é uma mudança, mas intencional e bem evidente; exige um esforço deliberado e conscientemente assumido; requer uma acção persistente; tenciona melhorar a prática educativa; o seu processo deve poder ser avaliado; e para se poder constituir e desenvolver, requer componentes integrados de pensamento e de acção (Cardoso, 1992).

Apesar da consciência que, de uma forma geral, todos parecem ter da inovação como uma das exigências prioritárias, é surpreendente constatar a lenta transformação dos sistemas educativos. Em pleno século XXI, as escolas persistem em continuar enquadradas por um modelo escolar tradicional que teve a sua razão de ser há alguns séculos atrás, que se adapta mais a um mundo estático do que a um mundo em mudança.

Um pouco por todo o mundo a educação continua a desenvolver-se num estilo defensivo e não com um estilo agressivo necessário para fazer frente aos diferentes e complexos problemas que desafiam o nosso tempo. Apesar das inúmeras e diferentes tentativas para remodelar o ensino desencadeadas em diversos países, as escolas e o modelo escolar tradicional têm persistido. No nosso país, em particular na última década, têm-se desenvolvido numerosos esforços tendentes à implementação de experiências inovadoras, nomeadamente no âmbito da última reforma curricular. Embora a reforma fosse guiada por uma ideia tão clara e tão simples como a da centralização do currículo na aprendizagem e no aluno, a concretização não foi assim tão perfeita, não foi feita em termos de aprendizagem ou da formação dos professores como facilitadores da aprendizagem. Tudo se centrou no ensino enquanto actividade do professor (Abrantes, 1996, p.15).

Uma conclusão importante a reter é, pois, a de que a legitimação política ou a racionalidade científica dos projectos inovadores não constituem garantia de êxito da sua implementação. A inovação tem revelado tanto de aliciante quanto de problemático e de complexo!

Uma das principais razões justificativas destes resultados insuficientes prende-se com a complexidade do fenómeno da inovação aliado à ausência de uma perspectiva teórica alargada e, em particular, ao pouco conhecimento das variáveis pessoais e organizacionais que interactuam no complexo processo inovador.

“Com efeito, muito se tem discutido e escrito acerca da inovação e dos modelos de implementação de inovações, mas pouco se tem adiantado em relação à natureza propriamente dita da inovação e também sobre as variáveis e os mecanismos essenciais reguladores desta.

- Que variáveis organizacionais serão realmente importantes na inovação, nomeadamente na criação de um clima encorajador que favoreça a iniciativa pessoal ou grupal?

- Que variáveis pessoais do professor poderão estar implicadas numa maior receptividade à inovação, em educação?

- Que importância terão as variáveis demográficas (sexo, idade, experiência profissional ...) no contexto da implementação de inovações?

- Que variáveis de personalidade poderão estar implicadas numa maior ou menor predisposição à inovação e qual a sua importância relativa?

- Como interagem estas diferentes variáveis organizacionais e pessoais no processo inovador?” (Cardoso,1997)

Ao apresentarmos estas questões levantadas por Cardoso (1997), pretendemos, por um lado, realçar a complexidade inerente ao processo inovador e, por outro lado, perspectivar/compreender a inovação pedagógica de uma forma abrangente. Os horizontes da investigação neste campo são vastos e diversificados. Ainda há muito para reflectir e investigar, seja em termos teóricos seja em termos práticos. Torna-se, pois, urgente prosseguir esforços neste sentido.

quarta-feira, novembro 04, 2009

Relatório/Balanço da Acção de Formação "O Trabalho Experimental com Percursos Investigativos em Área de Projecto de 12º ano de escolaridade"

Caracterização geral do desenvolvimento da acção de formação.

A Acção de Formação foi iniciada com uma apresentação de cada participante fazendo referência às suas motivações pessoais e expectativas em relação ao “Trabalho Experimental com Percursos Investigativos em Área de Projecto do 12º ano de escolaridade”. Cada elemento do grupo (formandos e formadora) fez referência à sua experiência no âmbito da área curricular, Área de Projecto de 12º ano.

De seguida, a formadora iniciou a projecção de uma apresentação em diapositivos (anexo 1 – apresentação de diapositivos) descrevendo e discutindo o plano da formação e os critérios e instrumentos de avaliação. Foram clarificados os aspectos da Didáctica (Ensino Experimental das Ciências; Aprendizagem por Pesquisa) a abordar, os aspectos da Pedagogia de Projecto (a importância da Pedagogia de Projecto; pressupostos teóricos e razões pedagógicas para a Metodologia de Trabalho de Projecto; da Metodologia de Projecto à Racionalidade do Projecto; repensar a avaliação de e no Projecto) a abordar e uma listagem de contextos educativos (contexto de Área de Projecto de 12º ano; contextos não formais; contextos disciplinares).

Os formandos reponderam a algumas questões (anexo 2 – Ficha Diagnóstico):

Questão 1 - Na sua perspectiva, quais as principais diferenças entre trabalho prático, laboratorial, experimental e de campo?

Questão 2 - Na sua perspectiva, como se relacionam a Metodologia de Trabalho de Projecto (MTP) com a Área de Projecto (AP)?

Questão 3 - Descreva uma aula de Ciências, no Futuro, contemplando os seguintes aspectos: papel do professor, papel do aluno, papel dos conteúdos, papel das metodologias.

Com base na respostas dadas, a formadora aproveitou para clarificar alguns dos aspectos teóricos que permitem reflectir sobre as nossas práticas. Foram distribuídos os documentos nº1, 2, e 5 e cópias de artigos e esquemas enriquecedores da reflexão e debate (anexo 3 – documentos fornecidos).

Depois desta abordagem conceptual, foi distribuída uma proposta de trabalho (documento nº 3) em que a primeira tarefa era elaborar uma lista de possíveis temas/problemas e respectivos contextos curriculares para desenvolver projectos. Antes que os formandos iniciassem o seu trabalho em grupos de três elementos, a formadora apresentou, ainda, uma listagem de projectos já desenvolvidos no âmbito da Área de Projecto de 12º ano, mas também em contextos extracurriculares (clubes e concursos) e em contextos disciplinares, apresentando as limitações e mais valias de cada um.

Os formandos, sempre organizados em grupos de três elementos, apresentaram, forma cooperativa e rica de conteúdo, as suas propostas de temas/problemas.

A tarefa seguinte, era colocarem-se na pele de alunos do 12º ano, escolhessem um tema/problema e tentassem integrar o trabalho experimental, percursos investigativos e conteúdos/temas das disciplinas de ciências numa planificação de execução de um projecto no âmbito da Área de Projecto.

Todos os formandos se envolveram nesta tarefa, bem como nas restantes, com empenho, entusiasmo e espírito cooperativo, produzindo materiais de qualidade (anexo 4 – materiais produzidos) e reflectindo sobre as suas práticas didáctico-pedagógicas.

Finalmente, procedeu-se à análise dos instrumentos de avaliação utilizados em área de Projecto na Escola Secundária Manuel de Arriaga. Depois da análise crítica, reflexão e discussão em pequeno grupo, fez-se uma sessão plenária onde se partilharam algumas das ideias discutidas.

Finalmente, e depois de reflectirem, ao longo de toda a Acção, sobre as temáticas subjacentes a cada uma das questões apresentadas na ficha de diagnóstico (documento nº3)os formandos voltaram a responder às questões colocadas no início da formação, sendo de salientar a extraordinária melhoria na expressão verbal (escrita e oral) dos formandos e a riqueza das suas reflexões. Depois de (re)avaliados pela formadora os trabalhos escritos individuais, os formandos procederam à auto e hetero-avaliação tendo como referência critérios e grelhas de avaliação produzidas e discutidas em grupo.

Resultados alcançados – possíveis implicações nas mudanças das práticas profissionais e/ou desenvolvimento profissional dos formandos.

Considero que esta Acção de Formação contribuiu não só para a reflexão sobre as práticas pedagógicas dos intervenientes, como para a promoção do trabalho cooperativo entre professores de diversas áreas das ciências e para a promoção do entusiasmo e auto-confiança em professores que nunca trabalharam a área curricular não disciplinar Área de Projecto de 12º ano.

Materiais/Documentos produzidos.

Todos os materiais produzidos podem ser consultados nos vários anexos a relatório.

Avaliação dos Formandos – critérios utilizados para a avaliação e para obtenção da aprovação.

A avaliação dos formandos foi centrada na auto-avaliação e os critérios e instrumentos de avaliação, embora propostos pela formadora, foram discutidos e aceites em sessão plenária.

Autoavaliação do formador – de que modo a dinamização do programa de formação se articulou/influenciou/contribuiu para o meu desempenho profissional.

Conceber, propor e dinamizar este programa de formação foi, para mim, um processo formativo muito enriquecedor.

Quando concebi este programa, tentei integrar temas que enriquecessem quer o ensino das ciências, quer a área curricular de 12º ano “Área de Projecto”. Obviamente que, ao planificar a Acção para posteriormente a propor, pesquisei, analisei, produzi documentos, reflecti, sistematizei e organizei informação tornando mais integrado o meu conhecimento enquanto professora de Ciências Físicas e Químicas e professora da Escola Secundária Manuel de Arriaga.

No que diz respeito à dinamização do programa da formação, tentei imprimir dinamismo e estimular a participação de todos os formandos. Como os temas discutidos me são muito familiares, quer em termos teóricos quer em termos práticos (projectos desenvolvidos nos mais diversos contextos), foi muito fácil apresentar, de forma estimulante e motivadora, experiências de trabalho em contexto de Área de Projecto de 12º ano.

Considero que a análise, reflexão e discussão dos critérios e instrumentos de avaliação utilizados em Área de Projecto na Escola Secundária Manuel de Arriaga foi extremamente útil e de utilização prática imediata. Lamento, no entanto, não ter feito uma gestão adequada do debate e ter deixado alguns aspectos pertinentes por discutir em sessão plenária.

Considero, ainda, pertinente referir que apenas uma formanda tinha experiência de trabalho no âmbito da Área de Projecto 12º ano e, por isso, a Acção foi orientada no sentido de corresponder às expectativas dos restantes formandos. Sendo colega da referida formanda, comprometo-me a reflectir e discutir com ela (e com outros colegas interessados) os critérios e instrumentos de avaliação utilizados em Área de Projecto na Escola Secundária Manuel de Arriaga.

Finalmente, também no domínio afectivo, esta Acção teve grande impacto, e considero que me valorizou como pessoa, na medida em que conheci melhor (ou numa nova perspectiva) colegas de trabalho da minha escola e da minha área disciplinar, conheci jovens professores que manifestaram interesse por estas temáticas e metodologias de trabalho e fiquei muito motivada para continuar a promover este tipo de trabalho.

Observações (recomendações, sugestões, perspectivas de novas formações, etc.).

A grande maioria dos formandos referiu, como sugestões para novas formações, abordagens a trabalhos práticos, laboratoriais e experimentais em contexto disciplinar.

Eu considero que esse trabalho de formação pode ser desenvolvido a nível do departamento com a acreditação do Centro de Formação.